O Estado de S.Paulo 7 Fevereiro 2012.
Editorial del diario "Estado de San Pablo", enviado por nuestro corresponsal R.V.N.
Patrulla Militar recorre las calles de Bahía. |
A tática de, em nome de direitos humanos, levar movimentos reivindicatórios à radicalização e provocar confrontos - quanto mais violentos, melhor - com os poderes constituídos é recurso conhecido e praticado em todo canto onde haja um mínimo de liberdade, mas especialmente nos países em que as instituições democráticas não estão suficientemente consolidadas. A quem interessa esse procedimento? De imediato, aos grupos nominalmente empenhados nas reivindicações e delas potenciais beneficiários, os quais muitas vezes se deixam manipular pelos "agitadores" ou disso não se dão conta. Numa perspectiva política mais ampla, interessa, é claro, aos próprios insufladores da radicalização, cujo objetivo é desmoralizar e enfraquecer os governantes de turno, visando a vantagens num amplo arco que tanto pode se esgotar num ganho eleitoral de curto prazo quanto obter uma conquista ideológica a termo mais longo. É o que aconteceu dias atrás em São Paulo, com a reintegração de posse da área do Pinheirinho, em São José dos Campos. É o que está acontecendo há uma semana na Bahia, com a absurda greve dos policiais militares (PMs).
O movimento dos policiais militares baianos - estima-se que cerca de um terço da corporação tenha aderido à greve - tem levado o caos e o pânico às ruas das principais cidades do Estado, principalmente a capital, onde hordas de criminosos se sentem à vontade para praticar assaltos e assassínios à luz do dia, mesmo com a presença, convocada às pressas, de forças federais. O número de homicídios mais que dobrou e não surpreende que algumas autoridades atribuam essa explosão de violência a uma ação deliberada dos grevistas, para levar o pânico à população.
A greve, declarada ilegal pela Justiça baiana, que expediu mandados de prisão contra 12 líderes da ação, é comandada por uma tal de Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia, cujo presidente, o ex-policial militar Marco Prisco, tem um histórico político compatível com a falta de coerência do movimento: filiado há poucos meses ao PSDB - partido em relação ao qual já manifesta insatisfação, porque até o momento "ninguém veio apertar minha mão" -, passou os últimos anos no PSOL, tendo sido anteriormente filiado ao PT e ao PC do B. Em 2001, no governo Cesar Borges, do PFL, quando era soldado, Prisco foi um dos líderes de outra rumorosa greve da PM, o que resultou em sua expulsão. A diferença é que naquela época "lutava" ao lado do PT do então deputado Jaques Wagner, então empenhado em desmoralizar o grupo político do finado senador Antonio Carlos Magalhães.
Hoje do lado oposto àquele em que se encontrava em 2001, o governador Jaques Wagner não hesita em chamar os grevistas pelo nome que boa parte deles certamente merece - "criminosos" - e em sustentar que a greve "pode ser parte da operação montada, da tentativa de criar um clima de desespero na população para fazer o governo sucumbir, uma tentativa de guerra psicológica".
Seis dias depois de iniciado o motim, a situação era extremamente tensa ontem em Salvador, onde um grupo de grevistas, inflado por mulheres e crianças, permanecia sitiado por forças federais e da própria PM baiana na Assembleia Legislativa. As autoridades negavam qualquer intenção de invadir o prédio e os grevistas prometiam reagir a uma eventual tentativa. De parte a parte registravam-se, como era de esperar, queixas e acusações de violações de direitos. O desequilíbrio das forças em conflito e a falta de apoio político significativo aos amotinados indicam que os grevistas acabarão cedendo. Até porque o governo petista, com toda razão, se negava categoricamente a atender a uma das únicas duas reivindicações que os sublevados sustentavam nas últimas horas: a anistia geral aos participantes do movimento. Esse lamentável episódio só não terá apenas causado sérios prejuízos à população baiana se, de alguma maneira, levar a sociedade brasileira ao entendimento de que existe uma condição absolutamente indispensável à consolidação do regime democrático: o império da lei.
2 comentarios:
Brazilian troops clash with police striking over pay.
Soldiers tackle striking police officers in the Brazilian state of Bahia.Brazil police storm illegal slum Brazil looks to score World Cup legacy Brazil battles to be ready for 2014 World Cup
Police who are on strike in the Brazilian state of Bahia have clashed with soldiers sent to remove them from the state assembly.
Troops fired rubber bullets and charged against protesters who are demanding improved pay and conditions.
Power at the assembly was also cut as the army tried to force out striking police officers and their families.
The murder rate has more than doubled in the state capital, Salvador, since police stopped work on Tuesday.
Salvador, Brazil's third largest city, is one of the venues for the football World Cup in 2014.
The government says about one third of Bahia's 30,000 state police officers are involved in the industrial action.
The officers are demanding a wage increase of at least 30% and better working conditions.
More than 3,000 Brazilian soldiers and federal paramilitary police have been sent to patrol the streets and keep the peace in Bahia.
Since the strike began on 31 January, crime has risen in Bahia and at least 93 people have been killed - more than double the usual murder rate.
Marcos Prisco, a police officer and strike leader, said strikers were frustrated with the Brazilian authorities.
"If the problem is the lack of security, just sign the deal and police officers will return to work today," he said.
Bahia Governor Jaques Wagner has said the strike is illegal and accused some of the officers of violent tactics.
"A group of police using reprehensible methods, spreading fear among the population, caused disturbances in some parts of the state," Mr Wagner said.
Bahia state officials said one of the strike leaders was arrested on Sunday on suspicion of stealing public funds.
The officials said the arrest was related to the seizure by striking officers of more than a dozen police vehicles.
Sixteen of the seized vehicles have now been recovered by the army.
The rise in violence comes as Salvador prepares for Carnival celebrations which are attended by tens of thousands of tourists every year
Fuente: BBC News, 07 Feb 12.
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