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domingo, 13 de noviembre de 2011

Otra favela recuperada II.

Favelas da Rocinha e do Vidigal são ocupadas pelas forças de paz

    Antônio Werneck, Vera Araújo y Duilo Victor - Publicado:  
Nenhum tiro foi disparado, mas blindados tiveram que contornar armadilhas deixadas por traficantes.


Policiais apreendem motos e armas durante ocupação das favelas da Rocinha, do Vidigal e da Chácara do Céu


          


RIO - As favelas da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, na Zona Sul do Rio, que devem receber a 19ª Unidade da Polícia Pacificadora (UPP), foram ocupadas pelas forças de paz no início da manhã deste domingo. Estratégica para o tráfico por sua localização numa área nobre da cidade, com faturamento alto (os traficantes vendem drogas a um tipo de viciado que pode pagar mais caro) e cercada de rochas e matas (o que amplia o número de rotas de fuga numa ação policial), a região já foi palco de intensos confrontos, e teria se tornado esconderijo de bandidos foragidos até do Complexo do Alemão. O anúncio oficial da ocupação foi feito por volta das 7h pelo chefe do Estado Maior da PM, coronel Alberto Pinheiro Neto. Ele afirmou que a situação estava sob controle na Rocinha, e que não houve incidentes nem tiros disparados. Em entrevista, o governador Sérgio Cabral agradeceu às forças que auxiliaram na operação de ocupação das favelas, e afirmou que esse é um dia histórico:
- Nossa equipe passou horas e horas trabalhando nesta operação, todo mundo tem que agradecer a essas pessoas, pois elas dedicaram suas vidas, os seus trabalhos a essa operação. Creio que é um dia histórico e emocionante para todo o Brasil e, principalmente, para o Rio de Janeiro, graças à união das forças públicas que trabalharam para o bem comum. Nós estamos recuperando esse território para os 100 mil moradores da Rocinha. Sim, 100 mil, e isso mostra a distorção dos números do IBGE. E são mais 20 mil no Vidigal. Pessoas que precisavam de paz. Creio que é um dia histórico e emocionante para todo o Brasil e, principalmente, para o Rio de Janeiro

- Tivemos excelentes resultados, prisões significativas e apreensões de armas nessa fase inicial que se encerra. Agora se inicia um trabalho mais específico de rastreamento na Rocinha, no Vidigal e na Chácara do Céu. Esse trabalho é muito prematuro, tem cerca de quatro horas, e já temos uma quantidade de armas e motos apreendidas. O que começou hoje não tem data pra ser acabado. A área, sem dúvida, é muito grande. Trata-se de uma das maiores favelas da América Latina, e talvez do mundo. No final do dia, nós viremos finalmente para apresentar o nosso trabalho. O que temos de concreto é a libertação dessas pessoas do jugo do fuzil - disse.
Beltrame afirmou ainda que o crédito da operação é da força de paz, e não iria participar da cerimônia de hasteamento da bandeira no topo do morro:
- Eu não vou neste ato e nem acho que devo, pois é um ato institucional. Quem estava na ponta da operação, quem suou sangue, deve ter seu momento de glória, de comemoração neste ato. Essa vitória não é da secretaria, mas de todo o grupo que trabalhou nas operações. Foi uma ação combinada com instituições às quais serei eternamente grato. Sem essa filosofia de trabalhar, não seria possível fazer o que se fez hoje (domingo).
As bandeiras do Brasil e do Estado do Rio foram hasteadas por quatro mulheres da Força de Pacificação no início da tarde, na calçada da curva do S, na estrada da Gávea, em frente à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Rocinha. O ato simbólico, que foi acompanhado pelos moradores, e marcou o sucesso da operação policial na comunidade.
Quem estava na ponta da operação, quem suou sangue, deve ter seu momento de glória, de comemoração neste ato
Perguntado se a casa do traficante Nem, preso na quarta-feira, será usada como base da UPP, Beltrame disse ainda que não pretende usar a tomada de residência como troféu, apesar disso, ele afirmou que pode usar o local futuramente. Sobre o prazo de instalação da UPP da Rocinha, o secretário respondeu ainda que esse cronograma quem vai dar é o Bope.
O comandante do Estado Maior da PM confirmou que os policiais que fazem a varredura nas casas estão proibidos de usar mochilas. Haverá, segundo o militar, exceções para situações em que seja necessário levar objetos específicos para a operação. Durante a ocupação dos complexos do Alemão e da Penha houve denúncias de que policiais haviam furtado objetos das casas dos moradores.
O comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope), tenente coronel Wilmam René Gonçalves Alonso, afirmou que policiais estão em vários pontos da comunidade, fazendo incursões na mata, à procura de traficantes, de drogas e de armas e de munições. Durante a tarde, os policiais apreenderam quantidade de munição e drogas em uma parede falsa de uma residência na Rua 4, localidade conhecida também como Valão, na Rocinha. Entre o material, há munição de calibre 762, própria para fuzis AK47 e também M16. Também foi encontrada uma
pistola de nove milímetros e quarenta e diversos carregadores. A quantidade da drogas encontradas ainda não foi estimada.
Também foi apreendido um material de uma central de distribuição de TV a cabo pirata, conhecida como "gatonet". O sargento André Lopes, que comandava a equipe que estava vasculhando a área, disse que achou estranho que ninguém saber de quem era uma casa que se encontrava vazia. Os militares usaram marretas para quebrar a parede e achar o material. Segundo a polícia, será iniciado um trabalho de investigação para saber quem atuava na residência. A apreensão está sendo levada para o Largo da Macumba, um dos acesso à comunidade onde várias equipes do Bope estão reunidas. O material será contabilizado e depois levado para a perícia.
Foram apreendidos ainda 11 fuzis, entre eles oito FAL, um Parafal e dois AR-15 foram apreendidos pelos policiais do Bope. Além disso, há uma escopeta calibre 12, uma submetralhadora e uma granada. Um dos fuzis tinha no coldre um desenho de um coelho e no nome da facção criminosa que controla a comunidade. De acordo com os policiais, a arma pertenceria ao traficante Coelho, preso na Gávea na quarta-feira. Os policiais comemoram a apreensão com um grito conjunto de "caveira', como são conhecidos os policiais do Bope. As armas foram levadas para a 15º DP (Leblon).
A polícia apreendeu ainda 10 morteiros nas proximidades da Escola Americana, no acesso à Rocinha. Como quatro deles estão carregados, o esquadrão antibombas foi chamado, segundo informou Rafael Menezes, delegado do Departamento Geral de Policiamento da Capital. As armas estavam escondidas na mata na localidade do Laboriaux, no alto da Favela da Rocinha. No alto da comunidade, foram encontrados ainda 112 quilos de maconha. Cerca de 50 motocicletas roubadas e um carro de luxo foram recolhidos na Estada da Gávea, um dos acessos para a favela. Uma Hilux, da Toyota, também foi apreendida e peritos que integram a equipe da ocupação estão buscando, pelo chassi, a situação dos veículos encontrados. Já no Vidigal, foram apreendidas três pistolas, um fuzil, uma luneta, 12 carregadores e munição dentro de uma mochila que estava enterrada na mata.
Em entrevista à Globonews TV, a delegada Martha Rocha, chefe da Polícia Civil, afirmou que a ação vai beneficiar os moradores das comunidades. Segundo ela, a participação das mulheres da comunidade nessa ação é fundamental. Martha Rocha fez um apelo para que elas não tenham medo e denunciem os bandidos, pontos de drogas e esconderijos de armas na favela:
- Esses moradores, em particular, recebem de volta o seu território. Não silencie, denuncie.
Esses moradores, em particular, recebem de volta o seu território. Não silencie, denuncie
A operação começou por volta das 4h10m, quando os veículos blindados da Marinha entraram nas comunidades. Segundo a Secretaria de Segurança do Rio, cerca de três mil homens entre polícias militar, civil e federal, além de militares do Corpo de Fuzileiros Navais participaram da operação, que teve o apoio de quatro helicópteros da PM e três aeronaves da Polícia Civil. Também participaram da ocupação 13 cães farejadores da PM. Ao todo, mil policiais militares entraram na comunidade.
Durante a ação, um blindado do BPChoque teve que retornar ao pé do morro do Vidigal por causa da grande quantidade de óleo que foi derramada pelos traficantes na localidade conhecida como Largo do Santinho, na parte alta da favela. Apenas os blindados da Marinha conseguiram prosseguir. Retroescavadeiras da Prefeitura foram usadas para retirar barricadas que pudessem prejudicar a entrada dos militares na comunidade.
Na madrugada, um homem foi detido na favela da Rocinha, de acordo com informações da CBN. Ele saiu de dentro da comunidade carregado por dois homens em uma motocicleta, aparentando estar passando mal. Mas após ser atendido no hospital de campanha montado na quadra da escola de samba Acadêmicos da Rocinha, os policiais decretaram sua prisão. Igor Tomás da Silva, de 29 anos, é foragido do presídio Bangu 8, e tem passagem na polícia por assalto a mão armada.
Desde as 22h de sábado, toda a região deixou de ser comandada pelo 23º BPM e passou a ser controlada pela Corregedoria da Polícia Militar. As principais ruas de São Conrado, na Zona Sul do Rio, foram fechadas a partir da madrugada para a ocupação, e só foram liberadas no início da manhã, após a retirada dos blindados da Marinha de dentro da comunidade. As principais saídas da cidade também foram bloqueadas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) para impedir a eventual fuga de traficantes.
O comércio nas ruas da Rocinha, que desde sábado estava fechado, começa timidamente a reabrir. O movimento de moradores, no entando, ainda é pequeno. Os policiais que desde o meio da madrugada controlam as vias de acesso à favela, revistam quem entra e quem sai do local. O morador Domingos Silva, há oito anos na Rocinha, teve que se atrasar em uma hora para ir ao trabalho para a esperar a ocupação da Favela da Rocinha. Segundo ele, o trabalho dele começa às 5h como porteiro de uma escola na Rua Faro, no Jardim Botânico:
- Perguntei se eles queriam revistar a minha casa. Eles foram educados, olharam e ainda agradeceram a minha atitude. Deu tudo certo, que continue assim.
A situação das favelas da Rocinha e do Vidigal é semelhante à que existia na Vila Cruzeiro e no Complexo do Alemão, já pacificadas. Traficantes transformaram as duas comunidades da Zona Sul no entreposto de drogas, armas e munição de uma facção criminosa. Há pelo menos um ano, policiais do Rio têm conhecimento de que bandidos foragidos de outras favelas da Região Metropolitana teriam buscado refúgio na Rocinha. Só na comunidade, estimava-se que havia mais de 200 traficantes e 200 fuzis em poder da quadrilha. O chefe do tráfico na favela —Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem — foi preso fim da noite de quinta-feira.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/favelas-da-rocinha-do-vidigal-sao-ocupadas-pelas-forcas-de-paz-3229037#ixzz1dc1LGBOR
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1 comentario:

Anónimo dijo...

Los barrios donde se realizaron los operativos de la Policía sufrieron una fuerte valorización inmobiliaria que supera en 6,8% a la del resto de la ciudad



Crédito foto: AP




El precio del alquiler en las favelas cariocas en las que las fuerzas de seguridad le arrebataron el control a los narcotraficantes aumentó más que el promedio de los arrendamientos en el resto de la ciudad, indicó un estudio de la Fundación Getulio Vargas.



El documento, divulgado el miércoles, estima que esta valorización responde al "efecto UPP", las Unidades de Policía Pacificadora, integradas por agentes especialmente formados para actuar en las populosas barriadas.



Marcelo Neri, que condujo el sondeo, indicó que, por ejemplo, había casas que antes de la "pacificación" eran un 25% más baratas que otras idénticas pero ubicadas en otros sectores de la ciudad, un fenómeno que calificó como "el efecto favela".



La pesquisa de la FGV realizó 150 mil entrevistas a pobladores de la Rocinha, ocupada el domingo pasado, y del Complexo do Alemao, en la zona norte y normalizada en noviembre de 2010 también en una megaoperación policial.



En general, los precios de las viviendas, así como los alquileres, se incrementaron dramáticamente en los últimos años debido no sólo al crecimiento económico y la valorización del real, sino también en previsión de los Juegos Olímpicos 2016.



Río de Janeiro cuenta con unas 1.000 favelas instaladas en las laderas de los cerros, donde habita un tercio de la población total. Desde 2008, cuando el gobierno comenzó la "pacificación", se instalaron 19 UPP.

Fuente: INFOBAE, 17 Nov 11.